Artigo

A “casa de ferreiro, espeto de pau” do mercado publicitário

Quem costuma visitar o blog com frequência, certamente deve perceber como as ações de outros países praticamente dominam a pauta, pois é cada vez mais comum agências e clientes lançarem ações criativas e interativas, que despertem a atenção do público na rua e que tenha potencial para se espalhar pela internet. Por que será que este fenômeno não é tão comum no Brasil?

Contradicao

Vou levantar hipóteses, mas quero sua ajuda, ao final do texto, para informar se elas possuem fundamento, se isso acontece no mercado onde você está ou estou enganado em levantar este cenário.

O cliente foca quase toda a verba na mídia tradicional

Muitos empresários não conseguem esquecer de como anunciar em outdoor, rádio, TV e jornal sempre fizeram o telefone tocar. Se ele tem condições de bancar, pelo menos, uma dessas opções, ele estará inclinado a fazer. Afinal, seus amigos e parentes consomem estes meios todos os dias.

Como está o argumento da agência para mostrar se o público dele ainda continua por lá ou faz parte do grupo on life, que transformou o smartphone e outros gadgets em uma extensão humana? É a função da agência ou profissional que cuida da conta apontar a melhor forma de distribuir a fatia do bolo.

O “pensar fora da caixa” não acontece com frequência

Saindo do eixo Rio-SP, sabemos que investimento publicitário quase sempre não é a ideal. Os publicitários sabem que criatividade é fundamental para o trabalho, mas com prazos apertados, muitas vezes sai um feijão com arroz bem feito que um prato inusitado, mas que pode surpreender quem vai consumir ou quem está na rua. É como dizem: fazer o simples é complicado, mas necessário para ter sucesso em mercados onde falta dinheiro para gerar bons resultados.

Digital não é só “coisa da internet”
Muito cliente acha que, quando ouve a agência propor ações digitais, vai ser algo exclusivo para “internet”, território que, muitas vezes, ele não domina. Como ele quer ver onde a materialização do seu investimento, o receio toma conta. Cabe à agência lembrá-lo que algo digital pode e deve ser feito na rua e contar com o apoio dos gadgets do público, cada vez mais presente na vida deles. Um dos melhores exemplos que conheço é esta ação no metrô foi feita há cerca de quatro anos e traduz muito bem esta característica de conversar com o público na vida real através da tecnologia.

Digital não é praticado pela própria agência

Certa vez, fui em uma palestra para debater o mercado digital em Salvador. Um dos convidados mostrou cases que a agência dele produziu e mostrou a todos como ter um site responsivo é fundamental para um mundo cada vez mobile.

Cinco minutos depois que ele divulgou o site da agência, meu amigo me chamou para mostrar que o próprio site da agência não era responsivo. Pior: totalmente estático, produzindo as temidas “linhas pretas” quando o celular era colocado em modo paisagem. Todo o discurso poderia ser destruído ali mesmo, se meu amigo resolvesse comentar sobre isso na palestra.

Sua agência está colocando mesmo colocando tudo em prática sobre o que acredita?

Comunicação exclusivamente publicitária

Pode ser contraditório, mas enquanto em eventos e palestras publicitários e outros profissionais de comunicação digital defendem campanhas que estimulem engajamento do público, na hora de colocar a campanha na rua, ela continua com a mesma estrutura de décadas atrás: apenas preocupada em vender.

Claro que, o objetivo de toda campanha publicitária é vender a imagem, o produto ou serviço do aunciante. Mas, estes mesmos publicitários, acabam criando peças que ele, quando vira cliente, certamente ignoraria na mente. Falta empatia, colocar-se no lugar do outro e perguntar a si mesmo se ele compraria do cliente se ele tivesse visto a campanha.

Como disse, são hipóteses que levantei observando e conversando com alguns colegas sobre o mercado. Se você discorda ou possui outras hipóteses, fique a vontade de compartilhar seus pensamentos nos comentários.

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