Há alguns anos, meu tio falou algo que nunca esqueci quando ele soube a minha profissão: “publicitário tem que ser descarado”. Ele só reproduziu o que muita gente acha sobre quem trabalha com publicidade: que deve mentir para fazer os produtos e serviços dos seus clientes venderem mais. Mas será que isso é verdade?
Acredito que esse pensamento de uma parte do público seja uma herança das campanhas do passado, onde anunciante fazia questão de dizer que era o “número 1”, “o melhor”, “incrível” e outros adjetivos superlativos que não refletiam a realidade. Claro que ninguém vai depreciar o objeto anunciado, mas existem exageros em anúncios e displays de lanchonetes que chegam a ser surreais, como o filme Um Dia de Fúria (assista ao trecho aqui) mostra muito bem.
Infelizmente, essa prática continua sendo feita em alguns segmentos. Os provedores de internet, por exemplo, insistem em afirmar que entregam a velocidade contratada e todos sabemos que é rotina ter que ligar para eles reclamando justamente sobre isso. Tem operadora de celular que virou piada de um ator do Porta dos Fundos e pelos usuários por causa do slogan que fala justamente o contrário da qualidade real dos serviços prestados.
Quando agência e cliente concordam em veicular peças e slogans que transmitem a essência da marca, os resultados naturalmente são positivos. A palha de aço que se transformou em sinônimo de categoria por décadas por ser realmente multiuso ou o clássico “tomou Doril, a dor sumiu” são ótimos cases para ilustrar este fato.
Esses exemplos respondem a pergunta do post de forma satisfatória. Mas, o pensamento de que “publicitário é mentiroso” não sairá tão cedo da opinião do público enquanto o próprio mercado não mudar essa prática do Pinóquio. Ser criativo como responsabilidade é um bom negócio para todos os envolvidos.
Eu até queria ouvir que todo publicitário é mentiroso. Na verdade a única coisa que já escutei quando disse minha profissão é: publicitário faz o quê?
:/