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Análise sobre a seleção de estágio #fail da Africa

Se você é publicitário e pelo menos deu uma rápida olhada na internet provavelmente soube que a agência Africa criou o African Idol, processo de seleção de estágio (de apenas um mês) com cara de “Se vira nos 30” para estudantes mostrarem seu talento – qualquer um, menos… o publicitário – em 30 segundos para jurados como Anderson Silva, Sabrina Sato e Ceará.

Quando ela divulgou a novidade na fanpage (quarta-feira, 07/11/2012) recebeu centenas de comentários criticando a ideia absurda, mas mesmo assim criou post dizendo que o evento já era um “sucesso”, ignorando a parte fundamental quando se atua nas mídias sociais: a interação com os fãs que acompanham as atualizações. Só na sexta-feira eles perceberam o tamanho da repercussão negativa e adiou o evento para fazer ajustes no processo. Alguns especulam que a decisão foi tomada porque poderia prejudicar o desempenho da agência no Caboré.

Já escrevi sobre a carreira do estagiário e dei dicas de como não pedir por ele, mas nunca tentaria adivinhar que uma agência grande faria algo que não merecesse a atenção de quem está realmente interessado em trabalhar na área. Não é preciso ser criativo na hora de contratar alguém, deixa essa parte para o próprio candidato.

Comentei sobre este absurdo na minha fanpage quinta-feira, mas resolvi falar sobre ele só agora no blog para acompanhar até onde esta história ia dar. Apesar de alguns tropeços, a agência teve o bom senso em pelo menos adiar a “seleção” dos candidatos, que certamente não seriam escolhidos pela capacidade em contribuir para o trabalho da agência e, fatalmente, seriam encarados pelos colegas como “aquele que entrou pelo African Idol” e dispensado após 30 dias.

O problema das agências grandes é que se apóiam quase exclusivamente na imagem que têm no mercado na hora de contratar um estagiário. Às vezes, oferecem apenas o transporte para o estudante, já que “todo mundo quer trabalhar lá”. Acredito que a Africa seguiu este pensamento e até agora não sei como a diretoria aprovou a ideia.

Mesmo sem ter a intenção, o African Idol manchou a imagem da agência. É lamentável ver que uma empresa do mercado não teve respeito com futuros profissionais e, mais preocupante ainda, saber que certamente mais de 100 pessoas aceitariam se submeter ao processo só por ela ser uma grande agência. Como exigir respeito das pessoas e clientes, que já acham que publicitário “deve ser maluco”, se existe uma ideia dessa para confirmar esta hipótese? Fica a pergunta para quem quiser responder.

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